Olá Caros alunos, vamos falar hoje de mais uma história da mitologia grega que também possui diversas versões, das quais eu vou trazer uma aqui agora, a história de Eros e Psiquê.
A história começa com a tentativa de um rei de Mileto de ter um herdeiro ao trono, pois ele tinha duas filhas e nenhum filho. Mas na terceira tentativa acabou tendo novamente uma menina a quem ele deu o nome de Psique.
Mas Psique era diferente das outras filhas, além de se interessar pelos estudos e pela cultura, ela era a mais bela das três, mesmo sem se preocupar com sua aparência. Por causa de todos os atributos que ela tinha, ela acabou despertando a paixão de vários homens de várias regiões, que chegavam a fazer homenagens a ela parecidas com as homenagens que se faziam aos deuses.
Como nós já vimos em outras aulas, os deuses gregos eram antropomorfizados, ou seja, tinham características humanas, e nesse caso Afrodite, a deusa da beleza, não conseguiu escapar ao ciúme que passou a sentir das homenagens que eram feitas a Psique e não a ela.
Por isso, ela mandou que seu filho Eros que é aquele deus responsável pelas flechadas do amor, fizesse com que ela se apaixonasse pelo homem mais feio e desonesto na face da terra, mas Eros ao chegar próximo a ela para cumprir a ordem da mãe, acabou se apaixonando também por ela. Ou seja, ele acabou se ferindo com sua própria flecha.
Mas apesar de escapar desse destino que Afrodite deseja impor a ela, Psiqué passou longo tempo sem conseguir um esposo, mesmo sendo admirada por todos os homens. Por esse motivo, seu pai foi até o templo de Apolo que, como nós já vimos em outras histórias, era o responsável pelos presságios, e lá ele recebeu a determinação de que deveria levar Psiqué até o alto de um monte onde seria desposada por um terrível monstro, em algumas versões trata-se de uma serpente, em outras de uma quimera.
Assim que Psique foi deixada no monte, Zéfiro, o deus do vento do oeste, levou-a a até um lindo vale onde havia um castelo e várias criadas invisíveis que serviam a Psique. Ela achava tudo magnífico, mas estava se preparando para o pior como estava previsto no vaticínio do oráculo. Mas, ao contrário disso, Eros todas as noites aparecia em seu quarto e saia pela manhã e a tratava com muito carinho e zelo em todas as situações, mas nunca deixou que ela visse seu rosto, inclusive fazendo-a prometer nunca tentar vê-lo para preservar a sua relação.
Com o passar do tempo, ela se sentia extremamente feliz, porque seu marido era o melhor dos esposos e a fazia sentir o mais profundo amor, mas resolveu fazer um pedido arriscado: o de ir visitar seus pais. E lá ela conta tudo o que aconteceu, mas acabou revelando que nunca tinha visto o rosto do seu esposo. Suas irmãs então alertaram Psique para o fato de que ela talvez realmente tivesse se juntado a um monstro sem saber, o que fez com que ela ficasse ainda mais curiosa, principalmente porque já estava grávida de um filho dele.
Por causa disso, ao retornar, enquanto Eros dormia, Psique aproximou-se dele com um candelabro para enxergá-lo na escuridão e foi assim que ela contemplou o mais belo homem que já tinha visto antes. Ficou tão extasiada que acabou derramando um pouco de óleo do candelabro no peito de Eros que acabou acordando e ficou irado com ela por ela ter descumprido a promessa. E como o amor não sobrevive com a desconfiança Eros a abandonou à própria sorte, o que, por si só, já era um problema, já que Afrodite continuava a todo custo a tentar puni-la de alguma forma.
Psique ficou inconsolável por isso tentou tirar a própria vida atirando-se em um rio, mas o próprio rio a trouxe até a margem com vida. Pan, o deus dos bosques, aconselhou a Psique a tentar reconquistar o amor de Eros.
Então Psique passou a procurar por Eros em todos os lugares chegando a um templo no alto de um monte que estava todo bagunçado. O templo pertencia à deusa Deméter, deusa da agricultura e da gestação. Psique organizou as oferendas do templo sem saber a princípio para qual divindade eram, então Deméter apareceu e demonstrou a sua gratidão dando-lhe o conselho de que deveria ir ao templo de Afrodite e lhe render homenagens para aplacar a sua ira.
Então Psique foi até o templo de Afrodite e lá a deusa não escondeu sua raiva não só por ela ter sido venerada como uma deusa, mas por ter feito seu filho desobedecer suas ordens. Por isso ela impôs alguns desafios que ela acreditava serem de impossível solução para Psiquê, e, segundo ela, só assim ela teria o seu perdão.
O primeiro desafio era que Psique separasse uma enorme quantidade de grãos todos misturados: feijão, trigo, lentilhas, cevada, aveia e vários outros. Psique ficou desconsolada com o desafio, mas uma formiga que viu a sua angústia juntou-se a um exército de formigas e fizeram a separação.
Então Afrodite impôs outro desafio, Psique deveria ir até um local onde pastavam ovelhas de lã dourada e trazer um pouco de lã de cada ovelha. Mas se ela fizesse isso, ela poderia ser morta pelo rebanho. Por isso, antes de atravessar o rio, aconselhada por um junco, esperou que as ovelhas dormissem para cortar sua lã. Em uma outra versão, ela apenas retira a lã dos galhos nos quais as ovelhas se enroscavam frequentemente.
Em seguida, Afrodite de uma tarefa ainda mais difícil. Psique deveria escalar um monte altíssimo, guardado por um dragão, onde deveria colher num jarro de cristal um pouco da água escura que descia e alimentava os rios infernais Cócito e o Estige. Nessa tarefa, uma grande águia acabou ajudando a Psique, passando pelo dragão e colhendo um poudo da água escura.
Então, Afrodite deu a Psique uma quarta e fatal tarefa. Entregou a ela uma caixinha e ordenou que ela descesse ao fundo do Hades e que se apresentasse a Perséfone, deusa do submundo, e em nome dela lhe solicitasse um pouquinho da beleza imortal.
Dessa vez Psique não teve dúvidas de que Afrodite estivesse lhe enviando para a própria morte. E pensando ser a única forma de chegar ao Hades, sobiu a uma torre para saltar de lá e morrer. Mas a própria torre lhe ensinou o caminho mais curto para chegar ao mundo dos mortos e a instruiu a levar na boca duas moedas e em cada mão um bolo de cevada e mel. As moedas eram para pagar as passagens da ida e da volta ao barqueiro Caronte, que carrega as almas dos recém-mortos sobre as águas do rio Estige e Aqueronte, e os bolos serviriam para apaziguar o cão Cérbero na entrada e na saída do Hades.
Chegando na mansão de Perséfone, ela atendeu o pedido feito por Afrodite. Mas determinou que em hipótese alguma Psique poderia abrir a caixinha que continha a beleza imortal. Assim como Pandora, Psique também acabou sendo atacada pela curiosidade e abriu a caixa, mas dentro dela havia apenas um sono infernal que fez com que ela adormecesse como estivesse sem vida.
Eros ao saber de tudo, dos sacrifícios de Psiquê para reconquistá-lo, foi até ela e recolocou o sono letárgico dentro da caixinha, despertando Psique do sono profundo. Em seguida pedindo a Zeus que apaziguasse a ira de Afrodite.
Então Zeus, após assembleia com todos os deuses, mandou que Hermes, o mensageiro, raptasse Psique da Terra para os Céus do Olimpo. Assim que ela entrou a mansão dos deuses, Zeus foi ao seu encontro com uma taça de ambrosia, a bebida da imortalidade e lhe ordenou que bebesse e se tornasse imortal. Dessa maneira, Afrodite acabou concordando com a união de Eros e Psique. Após isso, nasceu a filha de Eros e Psique, Volúpia que significa prazer e bem- aventurança.
Em suma, Eros e Psique faz um simbolismo da alma que é provada através das dificuldades. Como eu já falei em algumas aulas, Eros é a tradução para o amor ligado aos desejos e Psiquê está ligado ao conceito de alma, daí a palavra psicologia que significa etimologicamente, estudo da alma. Tendo em vista esses conceitos, podemos pensar na ideia da alma que quando passa em cada teste determinado pelas circunstâncias da vida, no caso do mito, personificado na deusa Afrodite, acaba recebendo a sua recompensa com o amor verdadeiro.
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